segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Escolha suas paixões


Escolha sua paixão, mas antes de chegar lá, faça várias tentativas. Arrisque-se sem medo de errar e sem pretenção de sucesso. A maior pretenção é percorrer o caminho com persistência, não o destino ou a vitória. Os maiores vencedores são aqueles que insistiram durante a caminhada. Escolha várias estradas, prove vários sabores, chegue a vários lugares. A maioria das pessoas prefere doce porque já provaram o sabor amargo, seja ele qual for. Permita-se mais. Mais tempo, mais viagens, mais sonhos, e permita-se realiza-los com mais frequencia. Sonhos não funcionam em agendas ou lembretes colados no monitor do computador. Ao invés disso, desligue o computador, invente um sonho de repente e vá atrás dele. Lá pode estar sua paixão. O sol nasce todos os dias no mundo todo, mas em nenhuma parte ele nasce por igual. Não acostume-se em ve-lo nascer sempre pela janela do seu quarto, mas diversifique as janelas e escolha a mais bonita. Pode ter certeza que a visão dele surgindo tímido e quente por entre as ondas do mar leva-o ao encontro dos sentimentos que você jamais imaginou sentir ou ter. O silêncio desse momento é o ritmo que conduz a velocidade da inspiração e vontade de ser feliz. Não tenha pressa. A vontade de chegar em algum lugar o encaminha para lugar nenhum. Nesse momento, você perceberá que não viu nada, que não conheceu ninguém, que chegou tão vazio quanto partiu e, quem sabe, tenha vontade de voltar e começar de novo. Cada minuto é tão precioso que dura não longos anos, mas frações de segundos que você tem a chance de fazer escolhas, muitas delas sem volta. Pense antes de agir, mas não pense demais. A maior parte das pessoas que eu conheço pensa tanto que não lhes sobra tempo para agir. Na verdade, agir é um risco que corremos. A sua paixão mora por entre os riscos. Não há uma onda se não fosse o vento, nem uma fruta se não fosse a terra, nem uma folha seca se não fosse as estações. Não há nem o nada se não fosse pelo tudo. Escolha não ter medo, mas seja cauteloso. A sensação de ver a terra bem pequena correndo por debaixo dos seus olhos não seria tão boa sem a certeza de estar vestindo um para-quedas firme e seguro. Não diga que gosta se não provou, não diga que ama se não ama de verdade, não diga que não vá a algum lugar, pode ser que lá esteja sua paixão e talvez você não tenha a chance de conhece-la se não for. Não durma com a sensação de não saber como foi porque não tentou. É melhor dizer que não gosta do que dizer que não conhece. Retorne quando necessário, quando sentir saudades, quando quiser. Se você for um amante, vai ter sempre alguém esperando de braços abertos. Não lamente pela vida. Lamente pelos dias que fez sol e você não foi a praia, pelos dias que choveu e você não banhou-se, pelas noites que você não riu com seus amigos e não abraçou um querido. Todas as oportunidades estão ao seu dispor, basta que você chame por elas e leve-as numa mochila cheia de chocolates, poemas e fotografias. Deixe o passado ir embora como a névoa de uma estrada deserta nas primeiras horas do dia, mas não subestime-o. Suas experiências são baseadas não no que você quer ser, mas no que você já foi, o que fez e com quem esteve. E são essas experiências que determinarão o que você será. O mundo está cheio de paixões, seja uma xícara de chocolate quente ou um tênis velho e surrado. Escolha uma. Divida-a com alguém. Tenha mais do que dinheiro para contar. Tenha histórias. Que elas sejam verdadeiras, que elas sejam suas e que você se orgulhe de cada uma delas, pois o preço das experiências é incalculável, o preço das paixões, inestimado.

Laura Santos

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Tempo mudo

"Por quanto tempo dura o silêncio?
Por quanto haverá de durar?"
Perguntou ela.

"O mesmo que leva para esquecer."
Respondeu ele. Mudo.

Laura Santos

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Forever Young

Eu ainda me lembro de brincar na rua, as primeiras pedaladas e quedas, as primeiras brigas e reconciliações infantis. Eu me lembro dos meus amigos da infancia, dos meus irmãos, dos meus brinquedos. A vida durava exatamente os minutos de uma corrida no quarteirão, a queda de uma pipa, o ninar de uma boneca. A rua era minha casa, lego, minha família, bicicleta, meu carro. Eu era feliz e não sabia porque não vi o tempo passar.
Aos poucos,perdi meus pequenos -e poucos- amigos, peças dos meus quebra-cabeças e castelos e a inocência que me carregou tenros e longos anos.
Hoje eu não brinco mais. Tenho joelhos e cotovelos intactos, mas meus olhos são cansados. Minhas responsabilidades são contas que pago rigorosamente todos os meses e minha alegria é deitar e dormir. Não tenho tempo para tomar banho de chuva nem preparar uma barraca de cadeiras e cobertores. Ninguém me busca na escola e tenho que atravessar a rua sozinha, na maioria das vezes distraída. Tenho visto meus amigos se casando e criando filhos. Tenho assistido meus irmãos se mudando e minha mãe colecionando rugas. O tempo passou e eu não pude mudar muita coisa. Perdi bem mais do que brinquedos. Perdi a força para não chorar numa queda e a coragem para levantar dela. E hoje, minha maior diversão é me lembrar de como eu já me diverti. Agora não mais. Não sou uma criança crescida, sou uma adulta pedindo cinco minutos de criança.

Laura Santos não mais criança

Já chama saudade


Não consigo parar de olhar essa foto e morrer de chorar.
É isso.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Infinito

Chorou não sabe por quanto tempo.
Chorou como se preenchesse todo vazio dos mares, rios e lagos agora secos.
Chorou a coragem das mais altas e perigosas cachoeiras.
Chorou todas as chuvas caídas, em todos os cantos da terra, desde a fundação até o segundo milénio, décimo ano.
Chorou a lava ardente dos vulcões, as tempestades do mar, cada gota das geleiras descongelando, do hemisfério sul ao norte.
Chorou o dilúvio e as tempestades do mar.
Chorou água doce e salgada e neve.
Chorou as lágrimas desapegadas na guerra e na morte.
Chorou o sangue de todos os santos, a inveja e a bondade dos deuses, a paixão de Cristo e a ira e orgulho do próprio Deus das criaturas.
Chorou até fazer transbordar o buraco negro rumo universo. Afogou a terra, os homens, as coisas.
Chorou cada choro derramado miseramente.
Chorou até secar as lágrimas de fênix.
Chorou até morte.
E chorou ao renascer e renascer e renascer enquanto durasse a tristeza no peito.

Laura Santos

ação e reação

Quem caminha, arrisca-se a cair.
Quem cai, certamente tem de levantar-se.
Quem para fica sujeito à passividade da ação do tempo.
De braços cruzados.
Sem fazer nada.
Vendo a vida passar.

Laura Santos

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

You can try the best you can


O princípio da satisfação é não esperar demais. Assim, o que vier é lucro. O resto é luta.

Laura Santos não esperando nada

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

One day I'm gonna grow wings


Liberdade é aquilo que eu sou sem a obrigação de explicações.

Laura Santos partindo para a próxima tattoo um dia

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quero me distrair

Quero me distrair de ti,
porque a luz da lua ainda desenha tua silhueta na calçada
das ruas que eu ando e desespero.
Ver uma onda que quebra na areia molhada e uma pássaro
que corta a profundidade do céu enquanto as folhas
vêm e vão mansas.
Ver a beleza das coisas que não são sem você e mesmo
assim não deixam de ser.
Quero me distrair por cinco minutos que são
infinitamente longos distantes dos meus
pensamentos que te carregam no colo da saudade.
Fixar nos olhos das pessoas e lê-los sem mistério,
sem medo, sem paixão.
E pela ferida que suas lembranças me abrem,
me distrair pra sempre que é para não me acostumar
com o perigo da solidão de não mais me distrair
nos teus braços, nem nos teus beijos, nem na ilusão
sentimental de te ter quando não pertencias a ninguém.

Laura Santos

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Since 1988

Nada me assusta mais do que ver o tempo passar. Só perdê-lo.

Laura Santos

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As últimas lembranças

E vi o sol nascer nas manhas do meu sorriso.
Eu vi os rios da felicidade transbordarem minha alma
e respigarem nas flores que brotaram no porão do coração
antes sangrado de pecado e tristeza.

Eu vi os dias passando e eu contando cada
minuto de companhia, de ausência.
Eu vi as noites pintarem, para mim, nuas estrelas
que brilhavam no fundo dos olhos de ninguém.

Eu vi a vida que eu queria viver
e eu vi os sonhos que me faziam feliz
a cada distância percorrida, a cada sinal
de amor enviado, a cada aperto de saudade.

E eu vi o amor morrer junto com o sol,
no horizonte da terra que eu não mais caminho,
no horizonte do mar que eu não navegarei mais,
nas palavras vazias que o último adeus,
distante e frio, me deixou.

Laura Santos

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Above the earth below the sky

Todas as perguntas são certas. As respostas que são o fardo, grosso e pesado, da subjetividade.
Laura Santos

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Peito adentro


Por baixo da capa que veste, existe o que mantém vivo. Só visto se nu.
Laura Santos

Micrônica


João sonhava com o amor de duas vias,
aí apaixonou-se por Ana, que em nada acreditava,
porque antes muito de amor e de si dava,
mas sempre pouco de amor recebia.
Mas são felizes tal qual como são, estão e têm.
Ele encantado,
ela distraída
e o amor enganando os dois.

Laura Santos

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sempre e tanto


Escrevo porque posso dar qualquer final feliz às minhas histórias dramáticas.
Laura Santos

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Enquanto durmo


Sonhar uma vez é lembrança. Sonhar sempre é saudade.
Laura Santos

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Decrescendo


Antes eu escrevia sonetos.
Agora me contento com as frases.
Depois, simplificarei tudo em palavra.
E um dia serei o silêncio, misterioso e proibido,
das coisas que eu pensei em dizer e não disse.

Laura Santos

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Merecimento

Não importa o tamanho do esforço e da vontade. Para realizar um sonho, você precisa merecê-lo.

Laura Santos

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O tempo que me faz feliz


Felicidade não é planejamento. É realização.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Soneto do passado presente


Todos os beijos foram dados,
todas as palavras ditas,
todos os abraços apertados,
todas as cartas escritas.

Todas as portas foram abertas,
todas as noites passadas,
todas as confissões secretas,
todas as falhas perdoadas.

Todas as horas foram eternas,
todos os dias saudade,
todas ilusões sinceras,
todas as mentiras verdade.

Agora o que escrevo é apenas vestígio
de tudo que do presente é passado
e tudo desse passado virou prestígio
de alguém com quem dormia, sonhava e acordava
lado a lado.

Laura Santos

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Me and them


As diferenças não serviram de degraus. Ergueram muros indestrutíveis.
Laura Santos

Segunda-feira


Uma pausa para viver. Seja como for.

domingo, 26 de setembro de 2010

Eu só sei chorar

Eu não consigo não chorar.
Eu não sei não chorar.
Quando as lágrimas umedecem os olhos,
finalmente percebo que já estou chorando.
E pior é chorar pra qualquer um.
Vejo alguém que passa e choro.
Vejo uma flor que cai e choro.
Volto de uma noite em claro e choro.
Ao invés disso, eu queria rir.
Pra qualquer um.
Mas eu só sei chorar.

Laura Santos trancos e barrancos way of life.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O mais fundo do alívio

Depois de meses ele apareceu na minha janela.
Não para conversar, nem para saber como eu estava.
Ele não perguntou nada.
Ficou parado sorrindo como se
sorrisse pela primeira vez depois de anos.
Eu não entendi o que ele quis dizer porque
mesmo durante dias juntos eu nunca consegui
decifra-lo, nem descobri-lo.
Cheguei, até, pensar que duraria.
E dividi minha vida em águas. As
que eu fui e as que eu seria por ele.
Mas eu não mereci. E como folhas
de outono ele se foi. Só que mais rápido.
A dor bateu como o golpe mais certeiro
e profundo de um chacal e o que me
consolou foram lágrimas que eu chorei
todas as noites antes de dormir, todas as
madrugadas em claro, todos
os sóis que nasciam um dia depois do outro
sem piedade e sem atraso.
Eu desejei a morte a não tê-lo
e nunca me perdoei por ele ter me
deixado.
Meu mundo desabava em cacos a cada vez
que seus olhos brilhavam no escuro,
longe do meu alcance.
E por dentro, um pedaço do coração caia
desconsolado.
Mas um dia eu acordei conformada
e entendera que ele nunca me pertenceria
porque ele escolheu partir.
Não eu que fiz alguma coisa de errado.
Eu era uma uma ave que voava rumo infinito
mais alto.
Agora, enquanto escrevo essas palavras,
ele continua sorrindo, só que pro nada
porque eu resolvi dar as costas bem ali
pra aquele resto de passado, agora e finalmente
bem resolvido

Laura Santos

Poema para uma noite

A noite tinha gosto de vinho.
Meus sentidos ficaram aguçados
pelo álcool que percorria minhas veias
até a cabeça girar tonta.
Não poderia me esquecer da meia luz
que vinha da lua cheia do lado
de fora da janela entre-aberta.
Era uma noite quente e febril
de outubro.
Não sei se fazia de trilha
a música que tocava
ou as confissões que
trocavamos entre palavras,
gestos e gemidos cerrados.
Tinha a estranha sensação
de querer ficar para sempre,
não apenas enquanto as
horas se arrastavam madrugada
adentro naquele quarto que já
vira tantas chegarem e partirem.
A pele produzia suor salgado.
A boca, beijos molhados.
Os olhos, palavras que não
foram ditas.
O corpo, gestos que não
poderia descrever.
Deitei-me úmida, de cabelos molhados
e embaraçada por consequencias
da bebida e do barato.
No chão, vi seu corpo
cansado estendido
adormecido belamente
cercado por nossas roupas
e segredos espalhados
com tanta desorganização
que denunciavam a pressa
do nosso desejo humano.
Logo eu também caíra no sono
e dormira sentido o céu no chão
e o gosto do pecado na boca.
E depois de tempos passados
ainda não sei se fiz dessas lembranças
sonho do sono que eu dormia
ou apenas desejo de que elas
retornassem mesmo depois
que um último beijo, um adeus
meio frio, fora a despedida
de corpos que nunca mais
se reencontrariam para uma
quinta vez.

Laura Santos

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eu sou publicitária, graças a quem merecer

Eu sei que o prazo era pra ontem, mas não deu. Não posso simplesmente conceber uma ideia como quem concebe um filho. E mais difícil, tornar a ideia viável e funcional. Eu pago por isso. Não em dinheiro, mas em estresse. Costumo me irritar ter que produzir em questão de horas quando isso leva dias. Não gosto de ter que comprometer a qualidade das coisas que crio. É um erro de português, um título mal posicionado, um texto mal explicado. São séries de minúsculos erros que somam o total da nenhuma perfeição. Eu escuto por isso. O telefone toca, o atendimento fala, eu calo. Eu leio por isso. O email urgente, o lembrete em cima da mesa, o post-it colado no monitor. Eu me culpo por tudo isso junto. A falta de atenção, a falta de criatividade, a mau execução. E eu rio. Do prestigio merecido, do erro de português grifado, de não ter ido vender coco na praia e de ter ficado até mais tarde esperando a prova chegar.

Laura Santos

Beijos do mar

Assim como os dias, também quero vidas.
Uma atrás da outra.
Só pra ganhar beijos amados
do mar que é meu e de mais
ninguém.

Laura Santos

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A vida é sonho [Calderón de La Barca]



"Ai de mim, ai, pobre de mim!
Aqui estou, ó Deus, para entender que crime cometi contra Vós.
Mas, se nasci, eu já entendo o crime que cometi.
Aí está motivo suficiente para Vossa justiça, Vosso rigor, porque o crime maior do homem é ter nascido.
Para apurar meus cuidados, só queria saber que outros crimes cometi contra Vós além do crime de nascer. Não nasceram outros também?
Pois, se os outros nasceram, que privilégios tiveram que eu jamais gozei?
Nasce uma ave e, embelezada por seus ricos enfeites, não passa de flor de plumas, ramalhete alado quando veloz cortando salões aéreos, recusa piedade ao ninho que abandona em paz.
E eu, tendo mais instinto, tenho menos liberdade?
Nasce uma fera e, com a pele respingada de belas manchas, que lembram estrelas.
Logo, atrevida e feroz, a necessidade humana lhe ensina a crueldade, monstro de seu labirinto.
E eu, tendo mais alma, tenho menos liberdade?
Nasce um peixe, aborto de ovas e Iodo e, feito um barco de escamas sobre as ondas, ele gira, gira por toda parte, exibindo a imensa habilidade que lhe dá um coração frio.
E eu, tendo mais escolha, tenho menos liberdade?
Nasce um riacho, serpente prateada, que dentre flores surge de repente e de repente, entre flores se esconde onde músico celebra a piedade das flores que lhe dão um campo aberto à sua fuga.
E eu, tendo mais vida, tenho menos liberdade?
Assim, assim chegando a esta paixão, um vulcão qual o Etna quisera arrancar do peito, pedaços do coração.
Que lei, justiça ou razão pôde recusar aos homens privilégio tão suave, exceção tão única que Deus deu a um cristal, a um peixe, a uma fera e a uma ave?"

Só posso dizer que chorei litros. E como não?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

outros erros

gastar quanto tenho no bolso,
dormir oito horas por dia,
não falar palavrão,
comer coisas saudáveis,
não chorar em público,
não beber até cair,
não fumar,
escrever deus com letra maiúscula.
quero cometer novos erros,
porque os velhos já estão ficando
meio monótonos.

laura santos rest in peace

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

pela ultima vez

pela última vez eu quero que seja
a última vez que escrevo as misérias
que esse descaso de amor me deixou
porque pela primeira vez você escolheu
estar com a minha ausência,
quando pela última você me teve perto.
pela última das primeiras vezes
eu vou, mais que aceitar, entender
que desmereci o que de bom há em você
e por vez nenhuma não quero que
me reste apenas a maldade da saudade,
aquela que aperta no peito e que mareja
os olhos que um dia te admiraram de perto.
e pela última vez vou olhar fotos antigas
e pela última vez vou fingir um sorriso.
porque pela primeira vez eu quis te amar,
mas pela última vou chorar, lamentar,
escrever e sofrer por esse amor que nunca existiu.

Laura Santos pela última vez.

Compilação

Eu não saberia contar
quantos personagens tenho,
quantas emoções senti,
quantas sensações vivi.
Por isso, marquei, a tinta e dor,
a dor das tintas que por tantas
vezes a vida me coloriu.
Ou apagou.



" A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida"

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A vida depois de você

Todos os dias eu tenho um motivo pra acordar e sorrir, tomar café da manhã e ir trabalhar. Todos os dias eu tenho um motivo pra exercitar minha criatividade, sorrir com meus amigos, fazer minhas refeições na hora certa. Todos os dias eu tenho um motivo para prosseguir, pra não me deixar levar, pra não desanimar, esmorecer. E mais do que o motivo em si, eu tenho o acreditar. Acredita nele e em tudo aquilo que ele pode me dar. E mais do que um motivo todos os dias, para todos os motivos eu tenho um milhão de dias. E o motivo é que existia vida antes de você. E depois de você ela ainda continua, mesmo sem você. Ainda existe vida. O maior motivo pra todos os meus dias.

Laura Santos ao som de Life after you

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

nem pra não prestar

nada poético, literalmente correto, nada de rimas, de sacadas literárias, nada de nada. nada só pra dizer a verdade. que meu estômago arde e que eu ainda quero chorar. que não me sinto confortável com o passado e que o presente voltou a me incomodar. que nunca fui mais eu e que continuo sendo mais ele(s). que a abandono dói, que a ausência dói, que a falta dói, que tudo, absolutamente tudo dói. que até uma música alegre me dói. não tô bem. não quero falar. não quero saber. não quero que ninguém saiba. foda-se o tempo, foda-se tudo em que eu acredito. não cheguei mais longe que esperava. sou uma mal-amada SIM. não gosto de novidade, não tô nem aí pra ninguém e não vou me importa se isso machuca. não sou feliz, não tenho metade do que eu queria ter e não visitei tudo que eu queria. não sou jovem, eu tô ficando velha, o mundo me provoca náuseas. eu sou profundamente melancólica, não gosto de domingo e não gosto que me acordem. eu esqueço quem não me interessa e me esqueci também, porque eu sou demasiadamente desinteressante. encarei os fatos. eu não sirvo pra nada. pra amar e ser amada. pra pagar conta e manter a casa limpa. pra tomar remédios na hora certa e fazer um tratamento decente. pra tentar ser melhor e me fazer bem. eu não sirvo nem pra não servir pra nada. isso explica grande parte da minha razão inútil e totalmente desprezível.

Laura Santos. quem?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Eu

Os meus inimigos estão por me definir,
meus amigos por entender,
os que me amam por aceitar
e eu por apenas ser.
Eu, tantas vezes colocada entre
o querer e o não-querer,
entre o estar e não-estar
entre o ser e o não-ser.
Eu, a linha tênue que fica
entre o sim e o não,
entre os limites e extremos
de qualquer coisa
que se contradiga.
A linha que não explica,
mas também não cala.
Eu, tantas vezes uma pergunta,
uma resposta silenciosa que
se arrisca num grito mudo que
ninugém ouviu.
Eu, que tantas vezes sofri
as dores de ser apenas eu,
ainda que não soubesse o que ou quem.
Que tantas vezes paguei o preço
tão mais alto que podia pagar,
que tantas vezes me arrisquei
em investimentos baratos.
"A vida me deve"
Eu, que não arriscaria
me definir não por falta
de definição, mas pela complexidade,
infinidade e limitação que
as palavras podem causar.
Eu, que tudo falo e nada explico,
e quem merece explicação?
Eu, personagem da minha história,
protagonista de mim,
da minha audâcia,
da minha fraqueza,
da minha mania de ser.
Ou não.

Laura Santos, uma pergunta, uma controvérsia.

B-day



Reunião de amores pra cantar parabéns pra mim.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Lamento muito

No começo eu sofri,
mas, como tudo na minha vida,
passou.
Hoje eu apenas lembro
sem sofrimento e lamento.

Por ele, claro.

Laura Santos

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Para eles


Rei e rainha. Pai e mãe.
Amo vocês.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

22 anos de bagagem

Eu tenho uma bagagem carregada com conteúdo de 22 anos.
Ela tem o peso das lembranças e experiências que eu acumulei,
inclusive as que eu esqueci e as que não vivi.
E eu divido esse peso com quem anda comigo.
Meus pais, que me amaram desde antes e meus amigos,
que me amarão mesmo depois de tudo.

Laura Santos prestes a acrescentar mais um ano na sua bagagem.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

How to be alone

Nunca algo coube mais na situação do que, na manhã de segunda-feira, ver um vídeo, lindíssimo, com um texto apropriadamente poético, uns solinhos de guitarra e gaita que te arrepiam por dentro, uma voz que dá vontade de falar, durante horas, no telefone, sobre poesia, sobre vida, sobre solidão.

O texto, claro, não é meu. É da poeta/ cantora/ compositora Tanya Davis. Menos ainda o vídeo. Obra assinada pela produtora Andrea Dorfman. Mas a tradução, sim. Essa é minha. Traduzi para quem não é muito amygo do inglês, mas também merece entender.

Obs: Fiz muito correndo. Deve estar cheio de erros, mas não incompreensível.

O vídeo:


A tradução:
Se você está sozinho pela primeira vez, seja paciente. Se você não foi muito sozinho, ou se quando você foi, você não estava bem com isso, então só espere. Você irá descobrir que é bom estar sozinho uma vez que você abraça isso.

Nós podemos começar com lugares aceitáveis, o banheiro, a loja de café, a livraria. Onde você pode parar e ler o papel, onde você pode conseguir sua cafeína pronta e sentar e esperar lá. Onde você pode procurar as pilhas e cheirar os livros. Você não deve falar muito de qualquer forma, então é seguro lá.

Também tem a academia. Se você é tímido, você poderia sair com você mesmo nos espelhos, você poderia colocar seus fones de ouvido.

E tem o transporte público, porque nós todos temos que ir a lugares.

E tem a oração e meditação. Ninguém irá pensar menos se você está parada com sua respiração buscando paz e salvação.

Comece simples. Coisas que você pode ter, anteriormente, baseado em direitos de evitar estar sozinho.

O balcão do almoço. Onde você estará cercada de chineses depressivos. Empregados quem só têm uma hora e seus cônjuges trabalham do outro lado da cidade, então eles - como você - estarão sozinhos.

Resista ao impulso de estar com seu celular.

Quando nós estamos confortáveis em comer almoço e correr, leve você mesmo para jantar. Um restaurante com linho e talheres. Você não está intrigando menos uma pessoa quando você está comendo sozinho sobremesa para limpar o creme do prato com seu dedo. De fato algumas pessoas nas meses cheias desejarão estar onde você esteve.

Vá ao cinema. Quando está escuro e calmo. Sozinho em seu assento entre uma comunidade fugaz.
E então, leve você mesmo para dançarem um clube onde ninguém conheça você. Pare na superficie do chão até que as luzes convençam você mais e mais e a música mostre você. Dance como se ninguém estivesse vendo, porque, eles provavelmente não estão. E se, eles estiverem, assuma que é com as melhores intenções humanas. A forma com que os corpos se movem verdadeiramente para bater é, depois de tudo, linda e afetiva. Dance até que você esteja suando, e gotas de suor relembre-o das melhores coisas da vida nas suas cotas como um riacho de bençãos.

Vá à floresta sozinho, e as árvores e os esquilos olharão por você. Vá a uma cidade não familiar, perambule as ruas, tem sempre estátuas para conversar e, bancos feitos para sentar, dão aos estranhos uma existência dividida se só por um minuto esses momentos podem ser tão elevados e as conversas que você consegue por sentar sozinho nos bancos podem nunca ter acontecidos se você não estivesse lá sozinho.

Sociedade está com medo da solidão, como corações solitários estão desperdiçados nos porões, como pessoas devem ter problemas se, depois de algum tempo, ninguém as namora. Mas solidão é a liberdade que respira fácil e leve e solidão está se curando se você o fizer.

Você pode ficar, enfaixado por grupos e plebes ou segurar mãos com seu parceiro, e ambos olhar mais longe e mais longe para a busca interminável por companhia. Mas ninguém na sua cabeça e pelo tempo que você traduzir seus pensamentos, algumas essencias deles podem estar perdidas ou talvez somente mantidas.

Talvez no interesse de amar a si mesmo, talvez todos os slogans emocionais da pré-escola até o gemido do ensino-médio eram símbolos por segurar a solidão na enseada. Porque se você está feliz na sua cabeça então o isolamento é abençoado e a solidão é ok.

Tudo bem se ninguém acredita como voce. Toda experiência é unica, ninguém tem as mesmas sinapses, não podem pensar como você, para este ser substituído, mantenha coisas interessantes, vidas, coias mágicas ao alcance.

E não significa que você não está conectado, a comunidade não está presente, somente pegue a perspectiva que você ganha ao ser uma pessoa em uma cabeça e sinta os efeitos disso. Pegue o silêncio e o respeite. Se você tem uma arte que precisa de prática, pare de negligenciá-lo. Se a sua família não te entende, e a seita religiosa não serve para você, não obsesse com isso.

Você pode está cercado em um instante se você precisar.
Se o seu coração está sangrando, faça o melhor disso.
Há calor no congelamento, seja prova.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

a maior viagem do mundo

Era uma longa caminhada e,
a cada passo, parecia mais distante
porque quem corre é porque tem pressa.
Era como caminhar sobre uma esteira
onde o objetivo era, de longe,
uma pequena miniatura inalcansável
à medida que continuava a andar.
Uma, duas, múltiplas vozes dentro da cabeça,
ao seu redor, atrás de você, mas de que?
O coração pulava em salientes batidas
no peito, nas costas, na boca queria explodir.
Queria parar de pensar, queria apenas chegar.
Mas estava longe e cada vez mais.
De repente se perdia, embora soubesse
exatamente para onde ia. Para casa.
Para refugiar-se de todos os fantasmas
que a perseguiam e ela sabia. Queria falar,
queria gritar socorro, mas quem ouviria?
Quem se importaria? Quem viria?
Seria o atestado de loucura social,
porque a loucura já era, intimamente, pessoal.
O sussurro do vento seco, cortante; os olhares
de quem passava e não via, ou via? Os vum-vum
dos carros que iam e vinham muito próximos
ao corpo que sucumbia ao cansaço.
Derretia para dentro da cidade.
Uma sensação que poderia comparar
à morte: indolor, incolor, insépida.
Apenas a leve sensação de ora ser absorvida
pela terra, ora voar rumo ao céu negro-inverno.
Sentia-se literalmente inconstante.
Não conseguia se controlar, embora fizesse
um esforço enorme para parecer normal.
Os passos pesavam contra o chão, mas
flutuavam como a mais fina areia seca no litoral.
Não sentia dor, mas um misto de mil sentimentos
que colecionava ao longo de seus quase 22 vividos anos.
Sentia-se num palco, sentia-se atriz, sentia-se qualquer coisa
que pudesse transpirar milhares de sentimentos e
expressar milhões de sentimentos, simultaneamente.
Sentiu que caminhava há horas porque os minutos
pareciam interminavelmente longos. Quase ouvia
o tempo tic-taqueando dentro do ouvido.
O mundo passava lentamente. Ele não queria passar.
Ela só queria chegar, pois sabia que, ao chegar,
teria conforto e alguém real para conversar, não somente
as vozes na sua cabeça e os personagens fictícios
que ela inventou no auge da caminhada urbana solitária.
Enquanto tateava o nada e sentia-se girando em círculos,
o chão corria embaixo de seus pés rumo ao destino de todos os dias.
Pensou em Alice e todas as suas maravilhas ácidas e psicodélicas,
sentiu-se uma criança na fantástica fábrica de chocolates
e até conseguia saborear um doce imaginário na ponta
da língua. Deliciosamente derretendo sob a saliva espessa.
Tentava exorcisar não sabia quantos demônios
que se prenderam ao corpo que rumava horizonte.
Quando chegou aos portões de entrada, num estalo
de trovão que só ela escutou, entendeu que não eram as
horas nem as ruas que não passavam, era ela que não os via
passar. Entrou na pequena rua silenciosa, ausente de carros e
pedestres e sentiu-se profundo aconchego e o quê de solidão.
Não sabia contar o que acontecera, não sabia explicar em palavras
a experiência que tivera no caminho que percorrera
praticamente todos os dias há 3 longos anos.
Queria conversar. Queria descrever. Queria que alguém
se sentisse assim também. Será que alguém já sentira?
Falou sobre si. Descarregou, sinceramente, todos os
seus motivos e porquês como nunca fizera ou falara.
E ouviu pacientemente, sabiamente, com olhos que marejavam
e lágrimas cintilantes que escorriam. Sentiu-se bem, sentiu-se mal.
Sentiu-se a poeira das botas batidas de alguém. Sentiu que era
tudo, mas era nada. Sentiu-se desprezível e desprezada,
vazia e esvaziada, ignorante e ignorada, mal amante e mal amada.
Sentiu tudo e sentiu nada. E conseguiu ver a vida por outra janela.
A janela da realidade que ela se recusava a encarar.
Sentiu um dó de si tão passageiro quanto os amores
que tivera. E amou muito mais aquele instante em que
se encontrava quando já tinha se dado por perdida.
Amou não estar só e amou que a companhia que tinha
não a beijava, não a abraçava, não a tomava pela mão,
mas cuidadosamente lhe abria as portas que ela
havia fechado. Queria lembrar de tudo que
havia pensado antes, porque pensou em
coisas verdadeiras, mas os pensamentos acelerados
devoravam um ao outro enquanto todos eles
desapareciam na velocidade de um relâmpago.
E, por fim, adormecera circundada em pensamentos
iluminados e a paz de quem acabara, realmente,
de decidir o futuro: viver um minuto de cada vez.

Laura Santos na maior viagem do mundo ao som de Hafsól.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

lição de comportamento

lá vem aquela vontade descontrolada
de partir. fico. a vontade tem que se controlar
porque a sua hora também chega.

Laura Santos

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

a vida, os sonhos




Me entrego por completo aos sonhos que venho costurando com a linha do tempo. Um trabalho artesanal tão bonito que, aos poucos, compõe o cenário e os personagens perfeitos para que eu seja feliz. Aos poucos vou emendando um a um à medida que quero realiza-los ou simplesmente não esquece-los. Tenho o cenário perfeito. A praia de areia branca e fofa, o sol quente como sempre, o mar azul como nunca, a solidão necessária para encontrar-se depois da linha do horizonte, onde o mar termina, onde o céu começa, apenas o barulho das ondas para quebrar o silêncio dos pensamentos explosivos. Sair sem bater a porta, sem vestígios de mágoas ou ressentimento, apenas as boas lembranças do passado para o começo de uma vida pintada no pano do destino. Sentir o vento bater no rosto e o cheiro da liberdade que isso proporciona. O cheiro inconfundível da felicidade. Ter apenas a surpresa dos minutos que nascem a cada manhã e ter o dia todo para ser o que quiser. Ser feliz. Ser apenas feliz. Sem muito tempo para nostalgia ou melancolia, saboreando, aos poucos, esses pequenos instantes em que se é, ao mesmo tempo, escritor e personagem e diretor e ator da própria história costurada, pintada e bordada nas telas dos sonhos.

Laura Santos ao som de High and Dry.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

aos poucos

já não sei mais de você
ou talvez nunca soube de fato.
alguém que eu quis, mas que me deixou.
que me resta são as dores
urgentes que a o abandono e a
indiferença me causam à medida não que vivo,
mas que morro aos poucos.

laura santos. saudade intensa, morte lenta.

Quando o amor acabou


Nunca vi mais leve nem mais quente,
mesmo que me viesse tarde da noite escura
cheia de álcool e paixão de repente.
E me veio na hora em que meu corpo arrepiava
e calafrios percorriam pelos ventos que mais tarde
me levariam para longe, mas não afastaria.
E me acompanhou nas noites solitárias
quando apenas o cheiro me fazia
companhia e preenchia de saudade
a pele que o suor transpirava.
Era a aliança do compromisso
de fim tão imediato quanto
o início, só que mais sofrido.
Era o porta retrato que moldava
a face do anjo mais lindo que eu
até então conhecera,
antes de virar diabo.
Era lembrança do passado
e objeto do futuro a dois
que eu construía.
Mas foi embora.
Virou memória.
Foi entregue de volta
quando o amor acabou.
Só restou a fotografia.

Laura Santos sem sentir frio.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Eu voltaria

Se eu pudesse, eu voltaria no tempo.
Não muito.
Apenas o suficiente.
Pra não ter te encontrado,
pra não ter te perdido.
Pra não esquecer seu nome,
pra nunca ter o aprendido.
Eu voltaria todas as horas ao seu lado
e todos os minutos da sua ausência.
Pra sentir saudade da sua presença,
pra nunca te-la sentido.
Eu voltaria antes de você.
Voltaria durante.
Pra nunca ter te querido
e pra não ter te deixado escapar.
Pra não ter te conhecido
e pra nunca ter me deixado levar.
Eu voltaria no tempo.
Pouco enquanto durou,
ou um pouco mais,
antes que tivesse começado.

Laura Santos ao som de O Nosso Mundo

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Soneto de quem parte

Se perguntarem por mim, diga que sai
que fui embora,
diz que fui por aí,
que volto a qualquer hora.

Quando encontrar o que eu perdi
e descobrir o que me faz feliz,
quando viver tudo que ainda não vivi
e ter tudo que eu sempre quis.

Diz que eu não estou para um qualquer,
e que eu decidi pensar um pouco
sobre o bem e o mal me quer
seja sóbrio ou louco.

Apenas diga que parti,
sem levar malas ou alguém
diga que, sem saudade, fui por aí
acenando tchau pra ninguém.

Laura Santos desejando partir.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Verso para um conformado



Ele foi embora.
Foi em boa hora.

Laura Santos

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Alma do amor

Já se vai o tempo em que me contento em sofrer pelo abandono teu,
pois tu fostes um querubim jogado nos canteiros da minha alma em pleno inverno:
esquentaste-a com olhos flamejantes, com palavras incandescentes
e ateias-te fogo quando o amor já havia consumido até a vontade de viver.

Agora murmuro baixinho para que o coração escute: quem não quer sou eu,
desalmada, desiludida, lançada ao desgosto do inferno
onde qualquer alma pecaminosa é mais quente
que o amor que eu, um dia, eu quis ver-te fazer florescer.

Laura Santos, numa segunda, feira ao som de Sigur Rós.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Biografia

Laura Santos, 21 anos, redatora publicitária. Mora sozinha desde os 17 anos, quando, em intercâmbio, passou onze meses nos Estados Unidos, se virando. Hoje mora num apartamento, em Uberlândia, onde estuda, trabalha numa boa agência e tenta ser feliz. Possui os melhores amigos, tipo aqueles que ligam de madrugada, que choram no ombro e limpam o vômito. Tem a família que pediu aos céus, cheia de defeitos, cheia de qualidades, inseparável. Gosta de poesia, de livros, de filmes e é, incondicionalmente, apaixonada por música de qualquer espécie, desde que boa, claro. É até bonita. Tem traços e jeito de menina, coração de mãe, espírito de mulher. É praticamente independente. Gosta de sair, de conversar, de beber, dançar e se divertir. Às vezes comedida, às vezes desmedidamente. É madura. Sabe das suas responsabilidades, dos seus compromissos e das promessas. Sonhadora nata. Vive mais a realidade dos sonhos do que a do mundo em si. Não tem grandes pretensões na vida. Apenas formar, mudar para a praia e ser feliz. Laura acumula, ao longo dos seus quase 22 anos, muitas decepções, mas quem não? Sofre pelos seus defeitos, por não cumprir suas obrigações, por ser tão diferente, tão ela mesma. Sofre pelo que não viveu, pelo tempo que não passa e, principalmente, pelas desilusões que o amor lhe proporcionou. Teme amar. Sempre temeu. O amor é lindo, ela sabe, mas dá medo e ela sabe também, e sabe bem porquê. É jovem e tem longos caminhos pela frente, pra percorrer, pra caminhar, pra voltar, pra mudar. Ela cai, se machuca, chora, levanta e segue adiante com passos vacilantes mas decididos. Quer esquecer. Quer deixar ir embora quem tanto a faz sofrer hoje, pela ausência, pelo não, por simplesmente ter a deixado tão cedo. Mas ela vai enxugar as lágrimas, vai despertar desse pesadelo e vai recomeçar, por saber que, a vida, é um grande recomeço. Ela, acima de tudo, se ama, apesar dos pesares. Laura vai chegar mas longe, vai ser feliz, vai esquecer, vai rir desse sofrimento quando ele passar.
Laura é prepotente e egoísta.
Laura era demais pra ele.
Laura serve muito mais para ser ela.
Laura Santos não sendo e sendo a Laura.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Rehab

Já ultrapasso os dez dias de tratamento. Não tenho nada físico. Nem glicose ou colesterol alto, nem plaquetas baixas, nem um vestígio sequer de anemia. Estou um pouco abaixo do peso, mas nada que uma dieta hipercalorica e algum exercício físico não me ajudem a alcançar a boa forma. Parei de vomitar, parei de ter febre, parei de emagracer e até já durmo bem, bem até demais. Meu cabelo não cai, consigo controlar a ansiedade e o mal estar noturno que as longas horas noturnas me causavam. Até as dores de cabeça diminuiram. Tenho mudado. Tomo remédios para dormir e parei de beber. Posso dizer, até, que agora levo uma vida mais saudável. Creio que, em breve, posso voltar à velha rotina de sempre. Aquele que me faz feliz e que acaba comigo ao mesmo tempo. Agora tenho outro objetivo: quero esquecer os últimos fatos. Quero deixa-los ir embora e não mais me lamentar o que foi, o que não foi e o que nunca vai ser. Eu tinha planos e eles não se realizaram, mas nem por isso deixei de sonhar. Quero esquecer sua presença, seu cheiro e sua voz. Quero esquecer, acima de tudo, seus olhos. Tive os momentos mais felizes ao seu lado, mas agora, sem você aqui, sua ausência me causa o maior incômodo e me provoca lágrimas que eu ainda derramo, silenciosamente, todos os dias, antes de dormir. E antes de adormecer, fecho meus olhos e peço a Deus que me dê um pesadelo, mas não me deixe sonhar com você, porque nenhum pesadelo é tão ruim quanto ter um sonho com você e voltar à minha realidade sem você aqui. Saber que está tão perto e tão distante não por força das circunstâncias, mas por opção. O que me resta é aceitar com a sabedoria de um vivido e com a esperança e força de uma criança que, ao cair, chora, levanta e ri. É minha hora de rir. Voltar ao mundo duro de sempre e rir como se jamais tivesse caido. Rir sem medida. Rir com vontade e com sinceridade. Apenas rir. Da vida, das cicatrizes, dos tombos, das conquistas, das lágrimas que eu chorei por você.

Laura Santos

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Another Lonely Day

Se tivesse alguma coisa que queria ter escrito agora, seria essa música.



It wouldn't have worked out any way
So now it's just another lonely day
Further along we just may
But for now it's just another lonely day

quinta-feira, 1 de julho de 2010

monólogo de um apaixonado abandonado

eu disse que foi tudo muito rápido. não tivemos muito tempo pra nos conhecer. talvez eu que tenha tido tempo de sobra pra não me apegar, não para me apegar. é como estar num sonho bom, desses que a gente quer sonhar todo dia, mas nunca quer acordar. acordar é como despencar de uma nuvem por onde se passeou. talvez tenha sido a pouca idade, a distância, o desconhecimento dos dois, a falta de empenho, talvez tenha sido porque tinha que assim o ser. foi bom, eu sei que foi. tão pouco tempo junto, mas me parece uma eternidade quando se trata das lembranças e das fotos que eu ainda guardo. ele veio, eu gostei, quis ficar, eu deixei, foi embora e eu nem sei por que. foi intenso no limite das possibilidades. foi passageiro como uma chuva de verão. foi bom como o primeiro amor. eu não sei se ele vai querer voltar. se vai pedir pra voltar. se vai sentir falta. se vai me querer outra vez como se nada tivesse acontecido. e eu também não sei se vou querer voltar. acredito nos passos que a gente dá pra frente, não pra tras. dizem que quem vive de passado é museu e eu ainda não tenho cheiro de naftalina. se eu desejo mal pra ele? claro que não. quero que ele seja feliz, e como eu disse a ele, é mais uma decepção que eu tive e que só o tempo há de curar, assim como todas as outras.
começo rápido, meio rápido. por que o fim ia ser diferente?

Laura Santos entendendo completamente os mistérios que os minutos guardam. nem sempre um dia após o outro é bom.

terça-feira, 29 de junho de 2010

monólogo de um apaixonado

não sei bem como tudo aconteceu. foi meio de repente. a gente estava ali sem fazer muita coisa. eu mal o conhecia. só reparei nos olhos. aliás, os mais azuis que eu já tinha visto. sempre gostei de olhos azuis. ah sim! o sorriso também me encantou, mas só me lembrei dele pelas fotos que tiramos. entre um gole de vodca e um trago de cigarro, a gente se desejava, mas por que investir em algo, digamos, tão comum? eu seria mais uma, ele seria mais um. no final das contas, essa soma ia dar em nada. mas eu estava errada e, contrariando todas as previsões, a gente se apaixonava. ele não foi mais um, eu não fui uma a mais, o final de semana foi único. ai veio a segunda feira, e junto com ela, a incerteza de mais sábados como aquele. eu contava as horas que passavam e os dias que ainda faltavam para o reencontro ainda imprevisível. e ele veio. e junto com ele, mais e mais horas ao lado dele. mais e mais surpresas. mais e mais beijos apaixonados, abraços quentes e apertados, saudade acumulada na despedida. mais e mais desejo de voltar. é como se agora tudo fizesse mais sentido. tomar banho, me arrumar e ficar bonita e cheirosa. alugar um filme, estourar pipocas e escurecer a sala. andar de mão dada na rua e encostar a cabeça no ombro. falar baixo no telefone e mandar mensagens de boa noite. lanchar na casa dos avós e ir embora cedo. suspirar longamente antes de dormir e desejar sonhar com ele a noite inteira. ficar meio boba. inteiramente feliz.
hoje passo longos minutos escrevendo coisas assim, de amor, de saudade. encontro, nas palavras, o conforto que a distância e ausência me tiram, e fico esperando e planejando o outro final de semana que juntará, novamente, nossas bocas e nossas mãos. aquelas inseparáveis nas minhas lembranças desde que se encontraram pela primeira vez, mesmo que de repente e por acaso.

Laura Santos

terça-feira, 22 de junho de 2010

2005/2006


Amizades e lembranças são aquelas que ficam. E hoje me deu tanta saudade delas. Cada vez mais perto das lembranças, cada vez mais distante das amizades separadas por fatores que não controlamos, mas simplesmente aceitamos por não ter muito o que fazer. Saudade daquele tempo. Talvez o melhor que eu tive. É como acordar e nascer outra vez, só que andando. Você reaprende tudo. A conversar outra lingua, a comer uma outra comida, a se comportar em outra cultura, a amar uma nova família, a se divertir com novos amigos. E você ser acostuma. Com o cheiro da casa, com a organização das ruas, com o gosto da comida mexicana, com o vento às vezes tão gélido, às vezes tão quente. Você se acostuma a ter nascido novamente com 18 anos e é feliz por ter duas vidas tão distintas, tão parecidas, tão iguais, tão normais. Você se acostuma com o horário pra acordar, pra chegar em casa, pra se alimentar. Você aprende novos sons e se acostuma com eles todos os dias, as músicas que embalarão pra sempre esses dias. E você gosta. Gosta de como você se diverte, das bandas, dos programas, dos lugares, das pessoas, de cada hora que você deseja ir pra casa, mas ficar, tudo ao mesmo tempo. E um dia você sente falta. Falta de cada um desses segundos tão particulares, tão vividos, tão bons. E você deseja que eles voltem e se repitam cada vez que a saudade no peito aperta. E depois de tudo, o que ficam são lembranças e amizades: amizades distantes e verdadeiras e lembranças que a mesma distância não há de apagar.

Laura Santos sentindo falta, muita falta daquele tempo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

sexta-feira, 21h09

a gente sabe que alguma coisa tá errada quando a mesma música toca repetidamente. é noite de sexta- feira e você ainda continua trabalhando. sem hora pra sair, sem hora pra chegar em casa, sem saber o que virá nos próximos segundos, se contentando apenas com 140 caracteres. em resumo: é o que tem pra hoje. o amanhã virá, certeiro como a pontualidade das horas, incerto como a imprevisão dos minutos.

Laura Santos, numa sexta-feira, às 21h11, na agência, trabalhando ao som de Bon Iver.

Eu sei, mas não devia

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti

quinta-feira, 17 de junho de 2010

horas intensas

gostava de se perder durante horas
no calor particular daquele inverno
e navegar mansa,
despreocupada,
sem mar.

era intimamente feliz
e só ela sabia porque.

Laura Santos ao som de bon iver.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Longe


Preencho com lembranças, fotos e fatos o espaço que fica entre aquele dia e hoje, justamente quando os quilômetros distanciam mas não separam quem tanto se quer por perto.

Feliz dia dos namorados.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

às vezes

às vezes as coisas são normais,
com seus poréns e tais,
menos daquilo, isso um pouco a mais.
às vezes as coisas mudam,
e a gente se perde, esquece,
procura coisas ou pessoas que socorram,
acudam.
às vezes a gente finge que se controla
um riso sem graça e amarelo disfarça
a alma fosca que chora.
às vezes a gente para, às vezes a gente corre,
às vezes a gente finge que vive na hora que morre.

Laura Santos numa mudança repentina, mas não a primeira, de humor.

terça-feira, 8 de junho de 2010

a vida na praça

Ah aquela praça
da tarde que eu não esqueci.
E agora a vida aqui passa
naquele instante em que a vivi.

Laura Santos

Beijo

Um beijo em lábios é que se demora
e tremem no abrir-se a dentes línguas
tão penetrantes quanto línguas podem.
Mais beijo é mais. É boca aberta hiante
para de encher-se ao que se mova nela.
É dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
e sobretudo o que se oculta em sombras
e nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
quanto de lábios se deseja.

Jorge de Sena

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Um domingo

O domingo foi deliciosamente estranho. A casa é típica de vó. Aquela movimentação da família que entra e sai toda hora e que me deixa sempre um tanto desconfortável por ainda não conhecer o rosto de cada, tampouco saber o nome de cor. Aquele ambiente logo me pareceu familiar. O cheiro de café ao entardecer, a despedida de parentes que vão embora, os primos reunidos numa sala muito confortável animados pela partida de futebol no videogame. VOcê estava lindo. O jeans simples, o tênis pouco desgastado e o moletom tão quente e tão macio como nunca. Seu cheiro sempre tão suave, limpo, gostoso. Eu, sem pudor algum, esparramada no conforto do sofá e no aconchego quente do seu colo, poderia passar o resto das longas horas seguintes ali, sem a menor vontade de ir embora. Sua mão, entrelaçada à minha, me deixava mais perto da felicidade do que da melancolia que as tarde de domingo costumam me causar. Pela fresta da janela eu via a tarde se por e desejava que ela não chegasse ao fim quando, num último beijo noturno, nos despediriamos antes de partir. Não poderia exigir mais daquele domingo. De perto, eu admirava o azul intenso dos seus olhos e tentava traduzir em palavras a sensação de estar tão próxima a eles. Ouvir a sua voz baixa no silêncio daquela sala era como se uma nota musical afinadissima avançasse ouvido adentro rompendo a ausência de som. Me desliguei do mundo por cada segundo que os últimos raios do sol da tarde me proporcionavam, e, como quem coleciona selos, eu colecionava cada instante de felicidade que aquele domingo, deliciosamente atípico, me deu de presente.

Laura Santos ao som de piano e cordas. O domingo? Quero repeti-lo quantas vezes mais precisar.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Eu gosto

O gosto do gosto bom que ele tem de frutas frescas, do cheiro novo de natureza que faz com que eu me perca na densidade da sua espécie rara. Ele tem um sorriso que eu não saberia traduzir em palavras, como se cada vez que ele sorrisse, um convite à felicidade me invadisse. Eu gosto do jeito que ele tem só dele de ser. Um rosto maroto de menino louco para romper a vida em aventuras desconhecidas. Ele é tão doce que quase chega a ser celeste, se não fosse pelo pecado dos seus beijos ardentes. Ele é puro, tem o coração do tamanho do desejo que eu sinto de estar ao lado dele, ele tem os olhos mais claros e cintilantes que eu já vi, chegam a cegar. E eu só tenho olhos pra ele. Gosto de me perder nas lembranças das poucas horas em que nos perdemos juntos. Gosto de me perder nas próximas horas quando elas o trarão de volta. Gosto de me perder na profundidade macia do seu abraço. Aquele que me deixa entre a bondade de Deus e a malícia do diabo.
Laura Santos numa canção de amor dançante.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Os olhos mais azuis que eu já vi

Olhar de perto os olhos mais azuis que eu já vi:
é bom, faz bem e deixa um quê de saudade.

Laura Santos toda remendada, dolorida e já cheia de saudade do final de semana.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Recall Geral

Atenção consumidores e proprietários das camas...qualquer cama serve. Pode ser de solteiro, de casal, king size, um colchão velho, uma box ou até mesmo um colchonete. Queiram, por questões de saúde, devolver a sua cama na respectiva loja ou fábrica onde foi adquirida. Devido a um defeito de fábrica, as camas estão se comportando de forma atípica e causando transtorno mental, corporal e pscicológico aos usuários. Milhares de consumidores já reclamaram da indisposição para levantar e os chefes e patrões estão cada vez mais pertubados com os atrasos de seus funcionários causados pelos famosos "só mais cinco minutos". As empresas advertem ainda que, em tempos tão ocupados, permanecer mais cinco minutos na cama ou, ainda, ativar a função "soneca" dos celulares, é um comportamento totalmente sem propósito e improdutivo. Acordar cedo e dormir tarde é obrigação natural de qualquer ser humano proletário e pagador de suas contas. Qualquer coisa que ultrapasse essa condição, o caracteriza como preguiçoso, sonolento e indisposto. Esse recall tem validade por tempo indeterminado e é de caráter saudável. Medidas serão tomadas para que você não queira ir pra cama e, quando estiver nela, deseje abandoná-la quase que subtamente.

Atenciosamente,

todos as empresas e fabricantes de colchões e camas.

Laura Santos para a Jessie que insiste no "só mais cinco minutos" e para quem mais se identificar com a dificuldade em acordar, seja lá que horas for...

terça-feira, 25 de maio de 2010

Alternância

minha vida se alterna entre o preto e o branco
numa escala de cinza deprimente pela ausência de cor.
e eu me divido entre sim e o não.
entre o que sou e o que não sou,
o que quero e o que não quero,
ou vou ou não vou.
fato da vida só a morte,
sendo esta mais urgente
pela falta absurda, quase cruel,
que me faz um canto pra estar,
uma canção pra cantarolar
e um amor macio pra amar.

Laura Santos andando tão triste, andando pela sala, não morando mais nela mesma.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Besta de amor

Quem encontra alguém com quem se deseja estar,
um par de olhos cor de céu e mar,
uma boca flamejante de se beijar,
um sorriso iluminado de se olhar,
um colo macio de deitar,
um papo gostoso de papear
e um uma saudade doida de apertar,
pode saber:
fica besta de amor

Laura Santos ao som de O Nosso Mundo.
Eu voltaria atrás no tempo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Oh amor

Eu já conheço-te dos sonhos que eu sonhei pra mim,
mas sem poder tirar-te de lá,
assim mesmo, sem começo nem meio, dei-te fim.
Eu sei que tu estás ai a vibrar tal qual
as águas rasas de um lago campestre ao
ir de encontro com uma rocha lançada
pelas mãos de uma criança silvestre.
Eu sei que queres vir á tona
e explodir em faíscas na superficie da minha alma.
Eu sei que tu voltastes porque nunca quisestes partir,
fui eu quem mandou-te ir.
E se ainda quiseres, achegue-se e aconchegue-se
assim sem dor,
que desta vez não te desprezarei, mas te amarei como posso,
sem medo, sem receio,
oh amor!

Laura Santos

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Casamento

Ela se casou. Já não morava mais em casa há muito tempo, mas parece que agora ela partiu mesmo. Ela se casou com tudo que tem direito, como manda o protocolo, como deu, como podia e como queria. Ela se casou e, por hora, restam não mais do que lembranças, fotos e recordações desse casamento. Te amo.












E a ressaca...