sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O mais fundo do alívio

Depois de meses ele apareceu na minha janela.
Não para conversar, nem para saber como eu estava.
Ele não perguntou nada.
Ficou parado sorrindo como se
sorrisse pela primeira vez depois de anos.
Eu não entendi o que ele quis dizer porque
mesmo durante dias juntos eu nunca consegui
decifra-lo, nem descobri-lo.
Cheguei, até, pensar que duraria.
E dividi minha vida em águas. As
que eu fui e as que eu seria por ele.
Mas eu não mereci. E como folhas
de outono ele se foi. Só que mais rápido.
A dor bateu como o golpe mais certeiro
e profundo de um chacal e o que me
consolou foram lágrimas que eu chorei
todas as noites antes de dormir, todas as
madrugadas em claro, todos
os sóis que nasciam um dia depois do outro
sem piedade e sem atraso.
Eu desejei a morte a não tê-lo
e nunca me perdoei por ele ter me
deixado.
Meu mundo desabava em cacos a cada vez
que seus olhos brilhavam no escuro,
longe do meu alcance.
E por dentro, um pedaço do coração caia
desconsolado.
Mas um dia eu acordei conformada
e entendera que ele nunca me pertenceria
porque ele escolheu partir.
Não eu que fiz alguma coisa de errado.
Eu era uma uma ave que voava rumo infinito
mais alto.
Agora, enquanto escrevo essas palavras,
ele continua sorrindo, só que pro nada
porque eu resolvi dar as costas bem ali
pra aquele resto de passado, agora e finalmente
bem resolvido

Laura Santos

2 comentários:

jtwb disse...

Não é sobre quem eu to pensando, é?

Laura disse...

Se for um certo jesus luz, sim. é ele. você sumiu da minha vida, tá perdendo os bafos.