segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Eu

Os meus inimigos estão por me definir,
meus amigos por entender,
os que me amam por aceitar
e eu por apenas ser.
Eu, tantas vezes colocada entre
o querer e o não-querer,
entre o estar e não-estar
entre o ser e o não-ser.
Eu, a linha tênue que fica
entre o sim e o não,
entre os limites e extremos
de qualquer coisa
que se contradiga.
A linha que não explica,
mas também não cala.
Eu, tantas vezes uma pergunta,
uma resposta silenciosa que
se arrisca num grito mudo que
ninugém ouviu.
Eu, que tantas vezes sofri
as dores de ser apenas eu,
ainda que não soubesse o que ou quem.
Que tantas vezes paguei o preço
tão mais alto que podia pagar,
que tantas vezes me arrisquei
em investimentos baratos.
"A vida me deve"
Eu, que não arriscaria
me definir não por falta
de definição, mas pela complexidade,
infinidade e limitação que
as palavras podem causar.
Eu, que tudo falo e nada explico,
e quem merece explicação?
Eu, personagem da minha história,
protagonista de mim,
da minha audâcia,
da minha fraqueza,
da minha mania de ser.
Ou não.

Laura Santos, uma pergunta, uma controvérsia.

B-day



Reunião de amores pra cantar parabéns pra mim.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Lamento muito

No começo eu sofri,
mas, como tudo na minha vida,
passou.
Hoje eu apenas lembro
sem sofrimento e lamento.

Por ele, claro.

Laura Santos

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Para eles


Rei e rainha. Pai e mãe.
Amo vocês.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

22 anos de bagagem

Eu tenho uma bagagem carregada com conteúdo de 22 anos.
Ela tem o peso das lembranças e experiências que eu acumulei,
inclusive as que eu esqueci e as que não vivi.
E eu divido esse peso com quem anda comigo.
Meus pais, que me amaram desde antes e meus amigos,
que me amarão mesmo depois de tudo.

Laura Santos prestes a acrescentar mais um ano na sua bagagem.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

How to be alone

Nunca algo coube mais na situação do que, na manhã de segunda-feira, ver um vídeo, lindíssimo, com um texto apropriadamente poético, uns solinhos de guitarra e gaita que te arrepiam por dentro, uma voz que dá vontade de falar, durante horas, no telefone, sobre poesia, sobre vida, sobre solidão.

O texto, claro, não é meu. É da poeta/ cantora/ compositora Tanya Davis. Menos ainda o vídeo. Obra assinada pela produtora Andrea Dorfman. Mas a tradução, sim. Essa é minha. Traduzi para quem não é muito amygo do inglês, mas também merece entender.

Obs: Fiz muito correndo. Deve estar cheio de erros, mas não incompreensível.

O vídeo:


A tradução:
Se você está sozinho pela primeira vez, seja paciente. Se você não foi muito sozinho, ou se quando você foi, você não estava bem com isso, então só espere. Você irá descobrir que é bom estar sozinho uma vez que você abraça isso.

Nós podemos começar com lugares aceitáveis, o banheiro, a loja de café, a livraria. Onde você pode parar e ler o papel, onde você pode conseguir sua cafeína pronta e sentar e esperar lá. Onde você pode procurar as pilhas e cheirar os livros. Você não deve falar muito de qualquer forma, então é seguro lá.

Também tem a academia. Se você é tímido, você poderia sair com você mesmo nos espelhos, você poderia colocar seus fones de ouvido.

E tem o transporte público, porque nós todos temos que ir a lugares.

E tem a oração e meditação. Ninguém irá pensar menos se você está parada com sua respiração buscando paz e salvação.

Comece simples. Coisas que você pode ter, anteriormente, baseado em direitos de evitar estar sozinho.

O balcão do almoço. Onde você estará cercada de chineses depressivos. Empregados quem só têm uma hora e seus cônjuges trabalham do outro lado da cidade, então eles - como você - estarão sozinhos.

Resista ao impulso de estar com seu celular.

Quando nós estamos confortáveis em comer almoço e correr, leve você mesmo para jantar. Um restaurante com linho e talheres. Você não está intrigando menos uma pessoa quando você está comendo sozinho sobremesa para limpar o creme do prato com seu dedo. De fato algumas pessoas nas meses cheias desejarão estar onde você esteve.

Vá ao cinema. Quando está escuro e calmo. Sozinho em seu assento entre uma comunidade fugaz.
E então, leve você mesmo para dançarem um clube onde ninguém conheça você. Pare na superficie do chão até que as luzes convençam você mais e mais e a música mostre você. Dance como se ninguém estivesse vendo, porque, eles provavelmente não estão. E se, eles estiverem, assuma que é com as melhores intenções humanas. A forma com que os corpos se movem verdadeiramente para bater é, depois de tudo, linda e afetiva. Dance até que você esteja suando, e gotas de suor relembre-o das melhores coisas da vida nas suas cotas como um riacho de bençãos.

Vá à floresta sozinho, e as árvores e os esquilos olharão por você. Vá a uma cidade não familiar, perambule as ruas, tem sempre estátuas para conversar e, bancos feitos para sentar, dão aos estranhos uma existência dividida se só por um minuto esses momentos podem ser tão elevados e as conversas que você consegue por sentar sozinho nos bancos podem nunca ter acontecidos se você não estivesse lá sozinho.

Sociedade está com medo da solidão, como corações solitários estão desperdiçados nos porões, como pessoas devem ter problemas se, depois de algum tempo, ninguém as namora. Mas solidão é a liberdade que respira fácil e leve e solidão está se curando se você o fizer.

Você pode ficar, enfaixado por grupos e plebes ou segurar mãos com seu parceiro, e ambos olhar mais longe e mais longe para a busca interminável por companhia. Mas ninguém na sua cabeça e pelo tempo que você traduzir seus pensamentos, algumas essencias deles podem estar perdidas ou talvez somente mantidas.

Talvez no interesse de amar a si mesmo, talvez todos os slogans emocionais da pré-escola até o gemido do ensino-médio eram símbolos por segurar a solidão na enseada. Porque se você está feliz na sua cabeça então o isolamento é abençoado e a solidão é ok.

Tudo bem se ninguém acredita como voce. Toda experiência é unica, ninguém tem as mesmas sinapses, não podem pensar como você, para este ser substituído, mantenha coisas interessantes, vidas, coias mágicas ao alcance.

E não significa que você não está conectado, a comunidade não está presente, somente pegue a perspectiva que você ganha ao ser uma pessoa em uma cabeça e sinta os efeitos disso. Pegue o silêncio e o respeite. Se você tem uma arte que precisa de prática, pare de negligenciá-lo. Se a sua família não te entende, e a seita religiosa não serve para você, não obsesse com isso.

Você pode está cercado em um instante se você precisar.
Se o seu coração está sangrando, faça o melhor disso.
Há calor no congelamento, seja prova.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

a maior viagem do mundo

Era uma longa caminhada e,
a cada passo, parecia mais distante
porque quem corre é porque tem pressa.
Era como caminhar sobre uma esteira
onde o objetivo era, de longe,
uma pequena miniatura inalcansável
à medida que continuava a andar.
Uma, duas, múltiplas vozes dentro da cabeça,
ao seu redor, atrás de você, mas de que?
O coração pulava em salientes batidas
no peito, nas costas, na boca queria explodir.
Queria parar de pensar, queria apenas chegar.
Mas estava longe e cada vez mais.
De repente se perdia, embora soubesse
exatamente para onde ia. Para casa.
Para refugiar-se de todos os fantasmas
que a perseguiam e ela sabia. Queria falar,
queria gritar socorro, mas quem ouviria?
Quem se importaria? Quem viria?
Seria o atestado de loucura social,
porque a loucura já era, intimamente, pessoal.
O sussurro do vento seco, cortante; os olhares
de quem passava e não via, ou via? Os vum-vum
dos carros que iam e vinham muito próximos
ao corpo que sucumbia ao cansaço.
Derretia para dentro da cidade.
Uma sensação que poderia comparar
à morte: indolor, incolor, insépida.
Apenas a leve sensação de ora ser absorvida
pela terra, ora voar rumo ao céu negro-inverno.
Sentia-se literalmente inconstante.
Não conseguia se controlar, embora fizesse
um esforço enorme para parecer normal.
Os passos pesavam contra o chão, mas
flutuavam como a mais fina areia seca no litoral.
Não sentia dor, mas um misto de mil sentimentos
que colecionava ao longo de seus quase 22 vividos anos.
Sentia-se num palco, sentia-se atriz, sentia-se qualquer coisa
que pudesse transpirar milhares de sentimentos e
expressar milhões de sentimentos, simultaneamente.
Sentiu que caminhava há horas porque os minutos
pareciam interminavelmente longos. Quase ouvia
o tempo tic-taqueando dentro do ouvido.
O mundo passava lentamente. Ele não queria passar.
Ela só queria chegar, pois sabia que, ao chegar,
teria conforto e alguém real para conversar, não somente
as vozes na sua cabeça e os personagens fictícios
que ela inventou no auge da caminhada urbana solitária.
Enquanto tateava o nada e sentia-se girando em círculos,
o chão corria embaixo de seus pés rumo ao destino de todos os dias.
Pensou em Alice e todas as suas maravilhas ácidas e psicodélicas,
sentiu-se uma criança na fantástica fábrica de chocolates
e até conseguia saborear um doce imaginário na ponta
da língua. Deliciosamente derretendo sob a saliva espessa.
Tentava exorcisar não sabia quantos demônios
que se prenderam ao corpo que rumava horizonte.
Quando chegou aos portões de entrada, num estalo
de trovão que só ela escutou, entendeu que não eram as
horas nem as ruas que não passavam, era ela que não os via
passar. Entrou na pequena rua silenciosa, ausente de carros e
pedestres e sentiu-se profundo aconchego e o quê de solidão.
Não sabia contar o que acontecera, não sabia explicar em palavras
a experiência que tivera no caminho que percorrera
praticamente todos os dias há 3 longos anos.
Queria conversar. Queria descrever. Queria que alguém
se sentisse assim também. Será que alguém já sentira?
Falou sobre si. Descarregou, sinceramente, todos os
seus motivos e porquês como nunca fizera ou falara.
E ouviu pacientemente, sabiamente, com olhos que marejavam
e lágrimas cintilantes que escorriam. Sentiu-se bem, sentiu-se mal.
Sentiu-se a poeira das botas batidas de alguém. Sentiu que era
tudo, mas era nada. Sentiu-se desprezível e desprezada,
vazia e esvaziada, ignorante e ignorada, mal amante e mal amada.
Sentiu tudo e sentiu nada. E conseguiu ver a vida por outra janela.
A janela da realidade que ela se recusava a encarar.
Sentiu um dó de si tão passageiro quanto os amores
que tivera. E amou muito mais aquele instante em que
se encontrava quando já tinha se dado por perdida.
Amou não estar só e amou que a companhia que tinha
não a beijava, não a abraçava, não a tomava pela mão,
mas cuidadosamente lhe abria as portas que ela
havia fechado. Queria lembrar de tudo que
havia pensado antes, porque pensou em
coisas verdadeiras, mas os pensamentos acelerados
devoravam um ao outro enquanto todos eles
desapareciam na velocidade de um relâmpago.
E, por fim, adormecera circundada em pensamentos
iluminados e a paz de quem acabara, realmente,
de decidir o futuro: viver um minuto de cada vez.

Laura Santos na maior viagem do mundo ao som de Hafsól.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

lição de comportamento

lá vem aquela vontade descontrolada
de partir. fico. a vontade tem que se controlar
porque a sua hora também chega.

Laura Santos

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

a vida, os sonhos




Me entrego por completo aos sonhos que venho costurando com a linha do tempo. Um trabalho artesanal tão bonito que, aos poucos, compõe o cenário e os personagens perfeitos para que eu seja feliz. Aos poucos vou emendando um a um à medida que quero realiza-los ou simplesmente não esquece-los. Tenho o cenário perfeito. A praia de areia branca e fofa, o sol quente como sempre, o mar azul como nunca, a solidão necessária para encontrar-se depois da linha do horizonte, onde o mar termina, onde o céu começa, apenas o barulho das ondas para quebrar o silêncio dos pensamentos explosivos. Sair sem bater a porta, sem vestígios de mágoas ou ressentimento, apenas as boas lembranças do passado para o começo de uma vida pintada no pano do destino. Sentir o vento bater no rosto e o cheiro da liberdade que isso proporciona. O cheiro inconfundível da felicidade. Ter apenas a surpresa dos minutos que nascem a cada manhã e ter o dia todo para ser o que quiser. Ser feliz. Ser apenas feliz. Sem muito tempo para nostalgia ou melancolia, saboreando, aos poucos, esses pequenos instantes em que se é, ao mesmo tempo, escritor e personagem e diretor e ator da própria história costurada, pintada e bordada nas telas dos sonhos.

Laura Santos ao som de High and Dry.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

aos poucos

já não sei mais de você
ou talvez nunca soube de fato.
alguém que eu quis, mas que me deixou.
que me resta são as dores
urgentes que a o abandono e a
indiferença me causam à medida não que vivo,
mas que morro aos poucos.

laura santos. saudade intensa, morte lenta.

Quando o amor acabou


Nunca vi mais leve nem mais quente,
mesmo que me viesse tarde da noite escura
cheia de álcool e paixão de repente.
E me veio na hora em que meu corpo arrepiava
e calafrios percorriam pelos ventos que mais tarde
me levariam para longe, mas não afastaria.
E me acompanhou nas noites solitárias
quando apenas o cheiro me fazia
companhia e preenchia de saudade
a pele que o suor transpirava.
Era a aliança do compromisso
de fim tão imediato quanto
o início, só que mais sofrido.
Era o porta retrato que moldava
a face do anjo mais lindo que eu
até então conhecera,
antes de virar diabo.
Era lembrança do passado
e objeto do futuro a dois
que eu construía.
Mas foi embora.
Virou memória.
Foi entregue de volta
quando o amor acabou.
Só restou a fotografia.

Laura Santos sem sentir frio.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Eu voltaria

Se eu pudesse, eu voltaria no tempo.
Não muito.
Apenas o suficiente.
Pra não ter te encontrado,
pra não ter te perdido.
Pra não esquecer seu nome,
pra nunca ter o aprendido.
Eu voltaria todas as horas ao seu lado
e todos os minutos da sua ausência.
Pra sentir saudade da sua presença,
pra nunca te-la sentido.
Eu voltaria antes de você.
Voltaria durante.
Pra nunca ter te querido
e pra não ter te deixado escapar.
Pra não ter te conhecido
e pra nunca ter me deixado levar.
Eu voltaria no tempo.
Pouco enquanto durou,
ou um pouco mais,
antes que tivesse começado.

Laura Santos ao som de O Nosso Mundo