quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Infinito

Chorou não sabe por quanto tempo.
Chorou como se preenchesse todo vazio dos mares, rios e lagos agora secos.
Chorou a coragem das mais altas e perigosas cachoeiras.
Chorou todas as chuvas caídas, em todos os cantos da terra, desde a fundação até o segundo milénio, décimo ano.
Chorou a lava ardente dos vulcões, as tempestades do mar, cada gota das geleiras descongelando, do hemisfério sul ao norte.
Chorou o dilúvio e as tempestades do mar.
Chorou água doce e salgada e neve.
Chorou as lágrimas desapegadas na guerra e na morte.
Chorou o sangue de todos os santos, a inveja e a bondade dos deuses, a paixão de Cristo e a ira e orgulho do próprio Deus das criaturas.
Chorou até fazer transbordar o buraco negro rumo universo. Afogou a terra, os homens, as coisas.
Chorou cada choro derramado miseramente.
Chorou até secar as lágrimas de fênix.
Chorou até morte.
E chorou ao renascer e renascer e renascer enquanto durasse a tristeza no peito.

Laura Santos

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