quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Profissão de risco

Viver tornou-se altamente mortal. Não mais se morre de fatos naturais, mas morre-se de toda e qualquer coisa, tal como desgosto, veneno, amor exagerado ou degelo dos polos. Isso sem falar nas crianças que morrem de fome no Camboja e nas vítimas inocentes de bala perdida no complexo do Alemão. Viver tornou-se profissão de risco. Falo não de bombeiros, pilotos de aeronaves e cobaias que se submetem aos mais diversos testes químicos, mas falo de qualquer ser vivo, nem os animais escaparam dos perigos mortais da vida. Viver virou desafio de equilibrar-se numa corda bamba rodeada de obejtos cortantes, bactérias mortíferas e seres humanos de caráter duvidoso e questionável. Viver ficou tão curto que a vida, para muitos, começa após a morte ou transcede os limites racionais da compreensão humana, algo enigmático, misterioso e incerto. Viver exige mais do que sinais vitais em perfeito estado. Exige astúlcia, dedicação, moderação, concentração e flexibilidade para contorcer-se nos palcos da dificuldade e driblar os demônios da morte. Viver nos exige mais compreensão e menos malícia, mais dedicação e menos fadiga, mais intensidade e menos exagero. Viver é profissão universal e a única que nos ensina de que se morre.
Laura Santos
ao som de Requiem para um Sonho

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