sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

É muito

Eu odeio as coisas que você faz e como você faz. Odeio quando está certo e quando está errado e ainda assim continua certo. Odeio quando você fala a verdade, quando você mente e quando você não fala nada. Odeio seu silêncio que me incomoda mais do que as palavras mais duras que você já disse. Eu odeio pensar que você não pensa mais, não sente falta e que talvez já se aventure por outras bocas mais doces. Odeio pensar que nada disso fez diferença e que uma noite foi apenas mais uma noite que não queria passar em branco. Eu odeio cada centímetro dos caminhos que eu nem cheguei a percorrer com você e odeio os que já passamos juntos. Eu odeio cada poro da sua pele, o cheiro da sua roupa, o brilho do seu sorriso, o calor do seu suor e o aconchego macio dos seus braços. Eu odeio o jeito que você anda, sorri, fala e canta. Odeio tanto essa e aquela música que escutamos nessa e naquela noite juntos que não consigo mais canta-las sem sentir dor. Eu odeio tudo que você gosta. O sabor da pizza, o vinho espumante, o frio da Europa, a melancolia musical tão divergente. Odeio como você tem tantos amigos e como se diverte com todos eles. Odeio como fala das suas ex namoradas e odeio não ter sido nenhuma delas. Odeio pensar que nunca serei. Eu odeio tudo que me lembra você. As fotos, os bares, as bebidas, a boemia, a volúpia que ardia, a noite que ia. Odeio quando me olho no espelho e vejo o reflexo da sua boca na minha e odeio mais ainda quando tomo banho e sinto o cheiro da sua pele. Odeio como me toca, como me beija, como implica comigo e como diz que ama. Odeio como você nunca me amou de verdade e mais ainda como nunca serei quem eu pensei que fosse na sua vida. Odeio seus olhos tão frios e quentes. Odeio sua presença e mais ainda sua ausência. Odeio como você me nega, como você me recusa, como me coloca e me tira da sua vida sem eu ao menos saber como ou porque. Odeio quando você está comigo e depois vai embora. Odeio quando me beija num adeus, quando fecho a porta do carro e quando você dobra a esquina deixando pra trás não mais do que lembranças. Eu odeio seu nome, sua história e o dia que eu entrei nela sem pedir licença e sem hora pra sair. Odeio os sonhos que eu tive com você e os planos que eu fiz sem você saber. Odeio a ilusão que esse relacionamento causou, o sentimento que ele despertou, a ferida que abriu. Odeio esses dias, odeio essa fantasia que eu criei, odeio esse tempo frio e fechado e a dúvida de saber quando voltará a fazer calor outra vez. Odeio a esperança de que tudo um dia mude. Odeio dizer tudo isso. Odeio essas mentiras desalinhadas que eu vomitei num ato de descarrego, desabafo e tristeza. Odeio como eu não consigo odiar nada disso, nem você, nem suas lembranças, nem a saudade que sua ausência me causa. Odeio porque você não está aqui agora e odeio porque eu queria que você estivesse. Odeio não conseguir te odiar nem que fosse para lavar a alma, orgulho próprio, ou simplesmente por odiar por um instante que fosse. Odeio saber que a culpa é toda minha e que mais uma vez alguém sairá ileso porque eu assumi todo o erro. Odeio te perdoar toda vez que você volta e odeio quando você não volta. Odeio esse amor guardado que mais uma vez morrerá como flor brotada em brita porque eu não soube ser diferente, nem melhor. Odeio que, por qualquer outra pessoa, isso não faria diferença, mas por você faz. Odeio matar esse amor por você. Odeio ter que matar você dentro de mim, mesmo que parte de mim também se vá. E odeio não conseguir concluir nada disso porque eu simplesmente não consigo fazer sobressair o odio ao amor quando é pensar qualquer coisa ligada a você, até mesmo a sua ausência, que descubro algum motivo, um que seja, pra viver mesmo que com as dores do seu abandono e indiferença que só o tempo há de curar.

Laura Santos odiando tá postando isso aqui, mas ligando o foda-se.

[escutei muita música pra postar isso aí]

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