terça-feira, 7 de abril de 2009

Relatos

Sabe, hoje o céu está carregado,
não sei se de chuva, não sei se de nuvem,
não sei se de poluição.
Não há aqueles tons alaranjados
das tardes quentes de verão,
nem aquele sol tímido se pondo
no horizonte perto de casa.
Ao contrário, um degradê de
cinza ocupa o palco da aurora
que se vai exatamente na mesma hora,
todos os dias.
Sabe, agora os trabalhadores voltam
pra suas casas, tem um cheiro de
janta cortando o ar e o café dentro
de alguma garrafa térmica
já se vai esfriando.
Vai fazer frio. Nem brisa quente,
nem amor pra aquecer,
mas apenas um vento gélido
que surra o rosto de alguém
que volta pra casa sozinho.
Sabe, preciso tomar jeito
na vida, arrumar um emprego,
alimentar com pão velho
os passarinhos, dar algumas
moedas pros mendigos,
ir à igreja aos domingos,
preciso me casar, ter filhos
e morrer velhinho,
mas sabe, tudo isso
me entedia por demais.

Flor de Moraes

Um comentário:

MárioDavid disse...

Minha querida Flor e seu alter ego masculino rsr Sempre pensando das prospecções da vida.
Perfeito, mas já era óbvio ;).