quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Desejo

Quisera eu ter agora não mais do que a brisa que só acontece no litoral. Quisera eu não mais do que um sol veranino, um ar fresco, coqueiros de enfeite, o céu azul celeste e as ondas que vem e vão do mar inconstante. Quisera minh'alma flutuar enquanto relaxa em cima da areia branca e sente a água cristalina que no pé encosta fazendo cócegas lúdicas. Quisera minha cabeça não ter nada além do múrmurio do vento e a ladainha dos pássaros que se vão. Quisera eu não mais do que raros instantes que eu me encontro entre um surto e outro, entre uma queda e outra, entre um fracasso e outro. Quisera eu me encontrar quando finalmente esquecer de pensar o que eu penso todos os dias entre o nascer e o por do sol. E quando esse dia chegar, lá eu estarei: rindo da vida que goza de mim, agradecendo por tudos os dias passados e pedindo não mais do que esses momentos que eu sou minha e de mais ninguém. Sem testemunhas, sem relatos, sem registros, apenas o mar, o céu e a areia.

Laura Santos

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