"Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo, porque os corpos se entendem, mas as almas não." Foi com essa frase que o gênio Manuel Bandeira encerrou um dos poemas mais fantásticos e realistas já conhecido. Manuel inicia o poema afirmando que a alma é que estraga o amor e se alguém quer sentir a felicidade de amar, é melhor esquece-la. De fato, aprendemos a amar mais com os nossos corpos do que com a nossa alma, e se é assim que sabemos amar, melhor que amemos desse jeito. Antes pouco do que nada, antes pingar do que secar, antes tarde do que nunca. Se a alma reclama a falta, a ausência, a distância, a frieza, melhor deixar que o corpo unido ao outro corpo se entenda debaixo de algum lençol macio e confortável. Melhor que as bocas calem as palavras que as almas gritam freneticamente. E pensando pelo lado prático da coisa, quando encontramos alguém que desejamos encontrar, a primeira coisa que fazemos é abraçar e beijar, dessa maneira, só usamos os nossos corpos; nossas almas sequer se manifestaram. E então o que vemos no fundo dos olhos de alguém? O sentimento, o desejo, a vontade, a felicidade do reencontro ou, talvez, do primeiro encontro, aquele que acontece no bar, na avenida, embaixo da chuva. Mas não se preocupe, seus corpos manifestarão o desejo da alma de estarem juntos. Digamos então que, a alma dá o ponta pé, mas os corpos fazem o serviço todo, cruzam o campo e chutam pro gol. E se por ventura as almas não mais se desejarem, ficará a cargo dos corpos a separação. Tão rapidamente como vieram, em algum momento se vão, deixando para trás apenas vestígios de corpos que se desejaram, se amaram e nunca se esquecerão. Porque a gente pode até esquecer uma alma, mas não um corpo que um dia fez parte do nosso.
Manuel Bandeira tinha razão, mais vale dois corpos se amando loucamente do que almas que brigam descontroladamente.
[Texto dedicado]
Laura Santos
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