Ainda que eu andasse, nunca sairia do lugar,
ainda que eu falasse, nunca diria nada,
ainda que eu explicasse, ninguém entenderia,
ainda que eu gritasse, ninguém escutaria.
Ainda que eu plantasse, regasse e cuidasse do jardim,
ainda que eu muito fizesse,
ainda que muito eu queisesse,
ainda que muito eu me esforçasse,
nunca, nem nada, nem ninguém, nem coisa alguma
brotaria de árvore que eu plantesse.
Sou eu, tão somente eu, esse corpo vazio,
perecível, egoísta e frio.
Sou eu, esse desastre humano,
que nasceu por erro e vive por engano.
Sou eu, essa indecência interminável
de dúvida constante,
pecado imperdoável
e doença incurável.
Sou eu, mendiga da própria existencia,
carente de amor, de atenção, de solidão.
Sou eu, o que não queria ser,
o que nunca será,
o que vê vindo e deixa escapar
a que nasceu anônima
e tão desconhecida, um dia, partirá.
-Levando nem a infinita desilusão que só a vida me proporcionou.
Laura Santos
[Hide and Seek - Imogen Heap]
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