Já ultrapasso os dez dias de tratamento. Não tenho nada físico. Nem glicose ou colesterol alto, nem plaquetas baixas, nem um vestígio sequer de anemia. Estou um pouco abaixo do peso, mas nada que uma dieta hipercalorica e algum exercício físico não me ajudem a alcançar a boa forma. Parei de vomitar, parei de ter febre, parei de emagracer e até já durmo bem, bem até demais. Meu cabelo não cai, consigo controlar a ansiedade e o mal estar noturno que as longas horas noturnas me causavam. Até as dores de cabeça diminuiram. Tenho mudado. Tomo remédios para dormir e parei de beber. Posso dizer, até, que agora levo uma vida mais saudável. Creio que, em breve, posso voltar à velha rotina de sempre. Aquele que me faz feliz e que acaba comigo ao mesmo tempo. Agora tenho outro objetivo: quero esquecer os últimos fatos. Quero deixa-los ir embora e não mais me lamentar o que foi, o que não foi e o que nunca vai ser. Eu tinha planos e eles não se realizaram, mas nem por isso deixei de sonhar. Quero esquecer sua presença, seu cheiro e sua voz. Quero esquecer, acima de tudo, seus olhos. Tive os momentos mais felizes ao seu lado, mas agora, sem você aqui, sua ausência me causa o maior incômodo e me provoca lágrimas que eu ainda derramo, silenciosamente, todos os dias, antes de dormir. E antes de adormecer, fecho meus olhos e peço a Deus que me dê um pesadelo, mas não me deixe sonhar com você, porque nenhum pesadelo é tão ruim quanto ter um sonho com você e voltar à minha realidade sem você aqui. Saber que está tão perto e tão distante não por força das circunstâncias, mas por opção. O que me resta é aceitar com a sabedoria de um vivido e com a esperança e força de uma criança que, ao cair, chora, levanta e ri. É minha hora de rir. Voltar ao mundo duro de sempre e rir como se jamais tivesse caido. Rir sem medida. Rir com vontade e com sinceridade. Apenas rir. Da vida, das cicatrizes, dos tombos, das conquistas, das lágrimas que eu chorei por você.
Laura Santos
Laura Santos
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