sábado, 21 de março de 2009

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Estou sentada em frente à essa tela futurista que recebe minhas palavras e as transforma nisso que, provavelmente alguém lerá. Meus cabelos estão pingando. Ainda tenho a toalha do banho recém tomado envolta no meu corpo úmido, quente, frio. Essa música me faz querer escrever, me faz não querer sair daqui, me faz querer estar assim. Se esticar a mão, posso alcançar uma roupa no meu armário e se der dois passos, vou pentear meus cabelos. Posso sentir o cheiro do shampoo, fresco, doce. Acho que minha maquiagem borrou um pouco no banho, mas quem se importa? Tento traduzir algo que faça sentido, mas dentro de mim poucas coisas são nexas. Acho que, na garganta, uma lágrima quase que inocente engasga. Sinto uma gota que escorre da minha nuca, desce pelas minhas costas e some na borda da toalha. É uma sensação de liberdade. O mundo girou tão rápido hoje. Estive em tantos lugares, vi tantas pessoas, falei tanto. Acho que minhas mãos estão ásperas, e porque estariam lisas? Eu as uso! Eu trabalho com as minhas mãos. Minha alma também está calejada! Mas e daí? Eu tenho alma. Já parou pra pensar quantas pessoas não tem? Agora me levantei, coloquei a primeira calcinha que achei; prefiro continuar escrevendo qualquer coisa. Acho que meu corpo está cansado, mas ainda me resta uma energia. Eu preciso que ela exista em algum lugar. Ainda é cedo demais pra querer parar, ainda é cedo pra desistir, ainda é tão cedo. Alice in Chains não quer parar de tocar pra mim, pois não pare! Já sentiu sua respiração lenta? Os olhos querem fechar? Pode acabar o mundo lá fora, pra mim, o mundo é aqui dentro. É preciso viver, é preciso seguir a estrada dos tijolos amarelos atrás de algum coelho branco que carrega o tempo nas mãos, ele anda tão apressado. Vou me levantar, vestir uma roupa qualquer, secar meu cabelo e novamente me sentar aqui. Talvez passe a noite toda escutando a rua vazia, talvez eu esteja na rua, talvez vá dormir. O futuro é tão incerto e eu ando acostumada com as peças que o destino, sorrateiramente me prega. É preciso montar o quebra cabeça da vida. Não existem peças que não sirvam em algum lugar, por mais complicado que seja.

Laura Santos

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