terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Au Revoir

Teleférico, Praia de Laranjeiras - Camboriú.
Santa Catarina, 2010
A partir do instante que parto, não sou a mesma.
Quando retorno, não sei quem sou.

Laura Santos voltando de férias.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Escolha suas paixões


Escolha sua paixão, mas antes de chegar lá, faça várias tentativas. Arrisque-se sem medo de errar e sem pretenção de sucesso. A maior pretenção é percorrer o caminho com persistência, não o destino ou a vitória. Os maiores vencedores são aqueles que insistiram durante a caminhada. Escolha várias estradas, prove vários sabores, chegue a vários lugares. A maioria das pessoas prefere doce porque já provaram o sabor amargo, seja ele qual for. Permita-se mais. Mais tempo, mais viagens, mais sonhos, e permita-se realiza-los com mais frequencia. Sonhos não funcionam em agendas ou lembretes colados no monitor do computador. Ao invés disso, desligue o computador, invente um sonho de repente e vá atrás dele. Lá pode estar sua paixão. O sol nasce todos os dias no mundo todo, mas em nenhuma parte ele nasce por igual. Não acostume-se em ve-lo nascer sempre pela janela do seu quarto, mas diversifique as janelas e escolha a mais bonita. Pode ter certeza que a visão dele surgindo tímido e quente por entre as ondas do mar leva-o ao encontro dos sentimentos que você jamais imaginou sentir ou ter. O silêncio desse momento é o ritmo que conduz a velocidade da inspiração e vontade de ser feliz. Não tenha pressa. A vontade de chegar em algum lugar o encaminha para lugar nenhum. Nesse momento, você perceberá que não viu nada, que não conheceu ninguém, que chegou tão vazio quanto partiu e, quem sabe, tenha vontade de voltar e começar de novo. Cada minuto é tão precioso que dura não longos anos, mas frações de segundos que você tem a chance de fazer escolhas, muitas delas sem volta. Pense antes de agir, mas não pense demais. A maior parte das pessoas que eu conheço pensa tanto que não lhes sobra tempo para agir. Na verdade, agir é um risco que corremos. A sua paixão mora por entre os riscos. Não há uma onda se não fosse o vento, nem uma fruta se não fosse a terra, nem uma folha seca se não fosse as estações. Não há nem o nada se não fosse pelo tudo. Escolha não ter medo, mas seja cauteloso. A sensação de ver a terra bem pequena correndo por debaixo dos seus olhos não seria tão boa sem a certeza de estar vestindo um para-quedas firme e seguro. Não diga que gosta se não provou, não diga que ama se não ama de verdade, não diga que não vá a algum lugar, pode ser que lá esteja sua paixão e talvez você não tenha a chance de conhece-la se não for. Não durma com a sensação de não saber como foi porque não tentou. É melhor dizer que não gosta do que dizer que não conhece. Retorne quando necessário, quando sentir saudades, quando quiser. Se você for um amante, vai ter sempre alguém esperando de braços abertos. Não lamente pela vida. Lamente pelos dias que fez sol e você não foi a praia, pelos dias que choveu e você não banhou-se, pelas noites que você não riu com seus amigos e não abraçou um querido. Todas as oportunidades estão ao seu dispor, basta que você chame por elas e leve-as numa mochila cheia de chocolates, poemas e fotografias. Deixe o passado ir embora como a névoa de uma estrada deserta nas primeiras horas do dia, mas não subestime-o. Suas experiências são baseadas não no que você quer ser, mas no que você já foi, o que fez e com quem esteve. E são essas experiências que determinarão o que você será. O mundo está cheio de paixões, seja uma xícara de chocolate quente ou um tênis velho e surrado. Escolha uma. Divida-a com alguém. Tenha mais do que dinheiro para contar. Tenha histórias. Que elas sejam verdadeiras, que elas sejam suas e que você se orgulhe de cada uma delas, pois o preço das experiências é incalculável, o preço das paixões, inestimado.

Laura Santos

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Tempo mudo

"Por quanto tempo dura o silêncio?
Por quanto haverá de durar?"
Perguntou ela.

"O mesmo que leva para esquecer."
Respondeu ele. Mudo.

Laura Santos

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Forever Young

Eu ainda me lembro de brincar na rua, as primeiras pedaladas e quedas, as primeiras brigas e reconciliações infantis. Eu me lembro dos meus amigos da infancia, dos meus irmãos, dos meus brinquedos. A vida durava exatamente os minutos de uma corrida no quarteirão, a queda de uma pipa, o ninar de uma boneca. A rua era minha casa, lego, minha família, bicicleta, meu carro. Eu era feliz e não sabia porque não vi o tempo passar.
Aos poucos,perdi meus pequenos -e poucos- amigos, peças dos meus quebra-cabeças e castelos e a inocência que me carregou tenros e longos anos.
Hoje eu não brinco mais. Tenho joelhos e cotovelos intactos, mas meus olhos são cansados. Minhas responsabilidades são contas que pago rigorosamente todos os meses e minha alegria é deitar e dormir. Não tenho tempo para tomar banho de chuva nem preparar uma barraca de cadeiras e cobertores. Ninguém me busca na escola e tenho que atravessar a rua sozinha, na maioria das vezes distraída. Tenho visto meus amigos se casando e criando filhos. Tenho assistido meus irmãos se mudando e minha mãe colecionando rugas. O tempo passou e eu não pude mudar muita coisa. Perdi bem mais do que brinquedos. Perdi a força para não chorar numa queda e a coragem para levantar dela. E hoje, minha maior diversão é me lembrar de como eu já me diverti. Agora não mais. Não sou uma criança crescida, sou uma adulta pedindo cinco minutos de criança.

Laura Santos não mais criança

Já chama saudade


Não consigo parar de olhar essa foto e morrer de chorar.
É isso.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Infinito

Chorou não sabe por quanto tempo.
Chorou como se preenchesse todo vazio dos mares, rios e lagos agora secos.
Chorou a coragem das mais altas e perigosas cachoeiras.
Chorou todas as chuvas caídas, em todos os cantos da terra, desde a fundação até o segundo milénio, décimo ano.
Chorou a lava ardente dos vulcões, as tempestades do mar, cada gota das geleiras descongelando, do hemisfério sul ao norte.
Chorou o dilúvio e as tempestades do mar.
Chorou água doce e salgada e neve.
Chorou as lágrimas desapegadas na guerra e na morte.
Chorou o sangue de todos os santos, a inveja e a bondade dos deuses, a paixão de Cristo e a ira e orgulho do próprio Deus das criaturas.
Chorou até fazer transbordar o buraco negro rumo universo. Afogou a terra, os homens, as coisas.
Chorou cada choro derramado miseramente.
Chorou até secar as lágrimas de fênix.
Chorou até morte.
E chorou ao renascer e renascer e renascer enquanto durasse a tristeza no peito.

Laura Santos

ação e reação

Quem caminha, arrisca-se a cair.
Quem cai, certamente tem de levantar-se.
Quem para fica sujeito à passividade da ação do tempo.
De braços cruzados.
Sem fazer nada.
Vendo a vida passar.

Laura Santos