Eu ainda me lembro de brincar na rua, as primeiras pedaladas e quedas, as primeiras brigas e reconciliações infantis. Eu me lembro dos meus amigos da infancia, dos meus irmãos, dos meus brinquedos. A vida durava exatamente os minutos de uma corrida no quarteirão, a queda de uma pipa, o ninar de uma boneca. A rua era minha casa, lego, minha família, bicicleta, meu carro. Eu era feliz e não sabia porque não vi o tempo passar.
Aos poucos,perdi meus pequenos -e poucos- amigos, peças dos meus quebra-cabeças e castelos e a inocência que me carregou tenros e longos anos.
Hoje eu não brinco mais. Tenho joelhos e cotovelos intactos, mas meus olhos são cansados. Minhas responsabilidades são contas que pago rigorosamente todos os meses e minha alegria é deitar e dormir. Não tenho tempo para tomar banho de chuva nem preparar uma barraca de cadeiras e cobertores. Ninguém me busca na escola e tenho que atravessar a rua sozinha, na maioria das vezes distraída. Tenho visto meus amigos se casando e criando filhos. Tenho assistido meus irmãos se mudando e minha mãe colecionando rugas. O tempo passou e eu não pude mudar muita coisa. Perdi bem mais do que brinquedos. Perdi a força para não chorar numa queda e a coragem para levantar dela. E hoje, minha maior diversão é me lembrar de como eu já me diverti. Agora não mais. Não sou uma criança crescida, sou uma adulta pedindo cinco minutos de criança.
Laura Santos não mais criança
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